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A excêntrica família de Antônia
A excêntrica família de Antônia

             O filme “A excêntrica família de Antônia” nos permite analisar diversos aspectos da psicologia; como, a construção de estereótipos; o “ethos” e os valores culturais; a comunidade e as relações estabelecidas a partir desta mesma; a diversidade e sujeitos com necessidades especiais; a relação entre sujeito e ambiente na construção da personalidade; formação de grupos; o envelhecimento e sua relação com a morte; e etc.

            Podemos perceber com certa clareza a facilidade com que os personagens têm ao se referirem à morte, à qual é considerada apenas uma etapa de um longo ciclo que é a vida. Como diz Antônia; “não é a morte que norteia a vida, mas a vida que norteia a morte”.

            Após esta afirmação, fica uma interrogação: Que fatores teriam provocado a ocorrência de tais comportamentos?

            É possível que se responda o questionamento com facilidade. Com o decorrer de diversos acontecimentos no filme, fica evidente que o ambiente construído pela família de Antônia foi propício à apresentação de tais comportamentos; ou seja, é provável que exista um histórico de reforçamentos por trás destes fatos.

            Em oposição às idéias de Antônia, que queria viver bem cada dia de sua vida, Dedo Torto apresenta-se melancólico e acredita que o “não existir” ou o “morrer” seria a melhor solução para os seus problemas, o que nos revela um possível histórico de punições em relação ao “estar vivo”; o resultado de tudo isso foi um comportamento de esquiva para com a vida, o que o levou ao suicídio.

            Ao tratarmos de Dedo Torto, como também de Boca Mole, e outros personagens do filme, nos vem em questão os estereótipos e sua influência na construção da avaliação psicológica de cada um. È possível que pensemos quanto diferentes eles seriam, caso não fossem marcados por estes nomes; que de alguma forma os excluíam da sociedade.

            Vemos que a família de Antônia foi compondo-se como um grupo aberto; principalmente por pessoas excluídas pela sociedade; seja por limitações psicológicas, cognitivas, forma de pensamento oposto ao “ethos” cultivado pelos moradores da aldeia, e etc.

            Como diz o próprio título do filme, a família protagonista era caracterizada principalmente por sua excentricidade e diversidade.

            Analisemos agora a seguinte questão: Os componentes da família citada, marcados por diversos tipos de exclusão, poderiam ser considerados como pessoas com necessidades especiais? Creio que esta questão seja relativa; pois como sabemos, o ambiente é um grande determinante da personalidade; este mesmo pode propiciar ou não, contingências para que estas pessoas se constituam como sujeitos com necessidades especiais. Entendemos que com a aceitação das diversidades dentro do ambiente oferecido por Antônia, casa um dos componentes do grupo passou a ser normal (se já não eram) dentro dos limites oferecidos pelo ambiente.

            Percebemos que apesar da comunidade formada pelos aldeões e principalmente pela comunidade religiosa imporem valores morais, costumes e normas a serem seguidos pelos demais, existe um grande paradoxo em questão, pois estes mesmos não viviam de acordo com o que falavam; ou seja, a comunidade era heterogênea, as pessoas pensavam de formas diferentes, mas não se sentiam capazes de assumirem seus comportamentos excêntricos, preservando, assim; mesmo que aparentemente, as antigas doutrinas da comunidade.

            Em continuidade ao tema desenvolvido, é propício estabelecermos uma relação entre a ética percebida no filme e a ética profissional do psicólogo frente a avaliação psicológica.

            Vemos que as características do “ethos” da família de Antônia eram totalmente opostas aos costumes tradicionais impostos pelos demais; o que significava “bem” e “felicidade” para um grupo, não tinha o mesmo significado para outro; o que nos leva a repensar a idéia do que é ético ou não. É pertinente ao psicólogo; como conhecedor desta relação, que em uma avaliação psicológica, evite comportamentos preconceituosos e estereotipados, e passe a considerar a singularidade e subjetividade de cada um.

            Podemos pensar também como se discorrem as relações de submissão e dominação no filme. De um lado temos a família de Deede, caracterizada pela dominação masculina sobre as mulheres e de outro temos a família de Antônia, onde esta relação é baseada na compreensão e no equilíbrio.

            Ao analisarmos o filme em um sentido de comunidade, vemos que existe uma diversidade desta mesma ao decorrer de seu enredo; como por exemplo, uma comunidade religiosa, uma comunidade estudantil, uma comunidade formada pela família de Antônia, e etc.

            Diante dos diversos temas abordados pelo filme, pode-se concluir que; ao se tratar da psicologia, podemos estabelecer um elo de ligação entre a análise de cada um dos temas, em busca de uma vasta gama de possibilidades na ampliação de conhecimentos acerca das relações humanas.

(Mariana Natan Guimarães, Graduanda em Psicologia pela Faculdade Divinópolis)

Divinópolis-MG

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